Primeiramente, parece óbvio que existe uma grave crise de criatividade. Basta compararmos as músicas atuais com as letras das canções que eram entoadas nas igrejas na década de 90 e que embalavam animados retiros e evangelismos. Mesmo tomando todo o cuidado para não generalizar, noto que boa parte das canções “gospel” da atualidade mais parecem mantras repetidos exaustivamente, do que hinos de enlevo espiritual. Guardadas as exceções, a riqueza poética das composições foi deixada de lado e substituída por frases que mais parecem declarações ditas a um namorado ou “ficante” do que ao Rei dos Reis e Senhor dos Senhores.
Como resultado, vemos canções enfadonhas e intermináveis sendo entoadas nas plataformas das igrejas, muitas vezes por ministros de louvor com trejeitos afeminados falando sobre “intimidade” ou sussurrando “como é bom sentar no colo do papai” (what?!). Isso cansa até os irmãos velhos da igreja, imagine os visitantes! E acredite... Por conta dos tons agudos, a chatice se potencializa quando é uma mulher fazendo esse tipo de performance.
Alguém pode dizer que estou sendo saudosista (leia-se ficando velho), que apenas sinto falta das músicas da minha infância e juventude, que estou tendo dificuldade de me adaptar a mudança dos tempos, etc. Mas isso não é verdade! Tenho inclusive procurado canções novas para incluir no repertório congregacional e na minha playlist; até encontro algumas, mas é uma tarefa bem trabalhosa. Além disso, se essa crise de criatividade fosse apenas coisa da minha cabeça, não teríamos tantos cantores e cantoras regravando os antigos hinos da Harpa e do Cantor Cristão. Não me entendam mal... Acho essas gravações ótimas e amo os hinos da Harpa, mas essa tendência pode também ser sinal de que não há mais nada novo a oferecer.
A falta de inspiração não se encontra apenas nas letras das músicas, está também nos arranjos das gravações! Talvez o exemplo mais emblemático seja o Ministério Diante do Trono, que substituiu as majestosas orquestras e corais dos primeiros CD’s por um grupo xoxo que mais parece uma banda de garagem. E não adianta a Ana Paula Valadão dizer que eles continuam iguais porque não continuam não.
Outra coisa que poucos parecem perceber é que o apelo visual tem sido supervalorizado em detrimento do apelo auditivo. Isso pode parecer normal quando falamos de videoclipes ou shows. Mas vale lembrar que estamos falando de um trabalho relacionado a Deus... E ainda convém que Ele cresça e nós diminuamos. Sendo assim me incomoda o excesso de vaidade que algumas cantoras do mundo gospel têm.
O que afinal está acontecendo? Estaremos todos nós sendo vítimas do pós-modernismo? Sabemos que a degradação da boa música no meio secular é uma realidade. Mas fico triste quando vejo essa mesma degradação artística e criativa acontecendo dentro da Igreja. Especialmente porque esse fenômeno está ligado ao esfriamento espiritual.
Então... Será que há alguma saída? Antes de qualquer coisa devemos lembrar que a Igreja tem a seu favor algo que o mundo não tem: O poder do Espírito Santo! E isso nos revela o quanto precisamos com urgência de um avivamento. O avivamento traz poder e arrependimento, o avivamento traz alegria e... Inspiração. Muitas das canções que hoje ainda tocamos foram compostas durante períodos de despertamentos da Igreja; músicas que refletiam um momento poderoso e ficaram marcadas para sempre em nossas mentes e corações. Dá pra fazer de novo, mas é preciso querer!
Ainda há muito que falar sobre esse assunto, mas quero parar por aqui, pois já temos material suficiente para uma boa reflexão. Continuarei orando por um despertar espiritual, e para que com ele surjam novas músicas, boas e inspiradas. Porém, enquanto isso não acontece vou ficando com meus louvores antigos e congregacionais e evitando o quanto possível escutar programas musicais em rádios evangélicas.
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