Apesar
de ser uma pessoa reservada, não sou nenhum antissocial. É muito legal estar
com amigos, colegas, participar de eventos e conhecer gente nova. No entanto,
existem momentos em que a nossa alma pede um pouco de sossego; não sei se
acontece com todos, talvez não, mas acontece comigo. As vezes tenho vontade de
chutar tudo para o alto por um tempo e ficar sozinho, no meio de uma charneca
inglesa, no alto de uma montanha ou em alguma praia deserta, apenas
higienizando minha mente da agitação urbana.
Isso
não significa que eu goste de solidão. Na verdade, algumas pessoas confundem
solidão com solitude, mas são duas coisas completamente diferentes, apesar de
alguns dicionários classificarem como sinônimos. O sentimento de solidão é
danoso e traz sofrimento, o indivíduo deseja muito uma companhia que não tem e
se sente sozinho mesmo quando está cercado de amigos (sejam eles falsos ou
não). É uma situação perigosa que pode facilmente levar alguém a depressão e
até mesmo ao suicídio.
Bem diferente disso, a
solitude é uma necessidade de isolamento voluntário e temporário para buscar
momentos de paz e tranquilidade. Esse desejo de “estar só” ocorre especialmente
quando paramos para pensar em como o ser humano pode ser cruel, como gostamos
de confusão! No meio secular as pessoas brigam por dinheiro, política, times de
futebol, ideologias e um monte de outras coisas. Na igreja as pessoas brigam
por doutrinas, cargos e autoridade. Tudo
isso, como já dizia o sábio rei Salomão, é correr atrás do vento.
Essa agitação causada pela
nossa insaciável busca pelo prazer sempre existiu e a coisa só piorou com o
advento do pós-modernismo que tem deixado as pessoas cada vez mais egoístas e
impacientes. Então, é de fato compreensivo o porquê de certos indivíduos preferirem
largar tudo para ter uma vida simples, isolado em um mosteiro, apenas buscando
um contato maior com Deus. Porém, se isolar permanentemente acaba se tornando
uma atitude igualmente egoísta, pois é aqui fora, neste mundo caótico, que
muitas pessoas estão sofrendo, estão perdidas e precisando de nossa ajuda.

Como diz aquela antiga canção,
é possível achar “paz em meio a tempestade”, tomando atitudes bem simples: Um
passeio em algum parque arborizado; uma parada para contemplar o pôr-do-sol no
final de uma tarde de verão; e mesmo em casa, podemos colocar o fone de ouvido
e nos desligar por alguns instantes do mundo a nossa volta escutando músicas
relaxantes, e claro, aquele momento de oração quando estamos a sós com o
Criador do universo. Todas essas coisas são ferramentas valiosas na guerra
contra o stress e a depressão, pois aprendemos a ser gratos pela vida, gratos
por poder respirar e sentir o calor do sol no rosto, gratos pelo cheiro da
chuva se misturando a terra e pelo alimento que esta produz. Deus ama nossa
gratidão!
Muitos não sabem, mas experimentamos,
inclusive, momentos únicos de felicidade quase inexplicável. Não é o prazer de
estar sozinho em si, mas a reflexão que fazemos durante esse tempo, quase
sempre nos torna um pouco mais sábios, compreensivos, esperançosos e seguros. Melhoramos até nossos relacionamentos! É
como se estivéssemos construindo uma casa sobre a rocha sólida, não será
qualquer vento que vai derrubar.
Aprenda a valorizar e buscar
esses raros momentos de solitude, seja viajando, passeando ou em casa. Mesmo
aqueles que não estão acostumados a isso, vale a pena experimentar. Pois o que
não está valendo é ter nossa vida destruída pela influência deste mundo agitado e perverso.
Ilustrações:
DVD "Walking in the air" da cantora irlandesa Chloe Agnew.
DVD "Walking in the air" da cantora irlandesa Chloe Agnew.
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