A ideia de separar o Rio
Grande do Sul ou mesmo toda a região Sul do resto do Brasil não é nova, e nos
remete a tempos anteriores a revolução farroupilha. Mas foi quando esta guerra explodiu que a República Rio-Grandense foi proclamada em 11 de
setembro de 1836 para, dez anos mais tarde, ser novamente anexada ao território
do Império Brasileiro.
No entanto, mesmo após a fumaça do maior conflito armado
do período imperial ter baixado, o sentimento de independência gaúcho jamais
foi apagado e permanece vivo até nossos dias. É bem comum achar cidadãos
gaúchos que acreditam que devemos ser “Primeiro
gaúchos, e só depois brasileiros”. Um orgulho histórico que simplesmente
não existe em nenhuma outra unidade federal da nação. Quem vem ao Rio Grande do
Sul, fica surpreso ao ver que qualquer criança gaúcha sabe cantar decor o Hino
Rio-Grandense.
Realmente não dá para
negar que existem diferenças culturais, sociológicas, étnicas e até econômicas visíveis
que nos diferem dos demais estados brasileiros. Atribuo essas diferenças em
grande parte à colonização alemã e italiana e a um sofrido passado de guerras.
Uma herança nobre acredito.
Gostamos de trabalhar e
fazer o melhor no trabalho, amamos essa terra e nossas tradições, valorizamos a
independência e a beleza das nossas mulheres e a coragem e a virilidade dos
homens, qualidades tão necessárias para a sobrevivência no antigo modo de vida
campeiro, especialmente quando precisavam sair cedo para a lida de campo pisando
a geada de pés descalços; Um modo de vida duro que ajudou a forjar a famosa
imagem do gaúcho machão que hoje, infelizmente, é ridicularizada pela mídia do
resto do país.
A verdade é que o próprio
Brasil parece ter excluído o Rio Grande do Sul ao desmerecer sua cultura, sua
tradição e seu povo e é por isso que eu acho legítima a iniciativa de grupos
como o ‘Movimento O Sul é meu país’. O polêmico grupo separatista, sediado em
Curitiba/PR, já tem mais de 20 anos de existência e tem como proposta a separação
não apenas do Rio Grande do Sul, mas de toda a região Sul do Brasil, ou seja,
Santa Catarina e Paraná também seriam emancipados. Apesar de ter crescido
bastante desde sua criação o movimento ainda conta com baixa adesão da
sociedade sulista e desta forma a proposta acaba não sendo levada tão a sério.
Mas, na minha opinião, a
melhor característica desta organização não é o separatismo mas a defesa de um
regime de Confederação para o país, dando assim maior autonomia política,
jurídica e econômica para os estados e descentralizando um pouco do poder de
Brasília que, convenhamos, oprime não apenas o Sul mas toda a nação com sua
alta carga de impostos, burocracia e a corrupção generalizada.
Entretanto, tenho minhas
ressalvas a esse movimento pois, apesar das ótimas propostas, a acusação de
racismo e neonazismo feita pelo Instituto Stephen Roth da Universidade de Tel
Aviv em Israel, mancha sua reputação. Segundo um relatório emitido por esse
instituto, uma das condições para o estabelecimento do Estado Sulista seria a
expulsão de minorias como judeus, nordestinos, índios e negros. Achei um
absurdo tão grande que me parece algo inacreditável. Essa acusação já foi
negada pelos adeptos do Movimento que afirmam inclusive ter processado
neonazistas que os associavam a infame doutrina de Adolf Hitler. Ainda bem! Pois
se isso fosse verdade o Grupo perderia toda sua legitimidade e credibilidade
para com todos.
Associar separatismo a
neonazismo não faz sentido, as diferenças e propósitos são muito claros. E quem
faz essa associação sem sequer fazer uma breve pesquisa, ou é burro ou está
usando de desonestidade intelectual propositalmente.
Fora essa ressalva, quero
mesmo é que este e outros movimentos chamem a atenção da sociedade para
conseguir ao menos um plebiscito como os que foram feitos na Catalunha e na
Escócia no ano passado. Na Catalunha os separatistas venceram, na Escócia
perderam. Aqui eles só saberão o verdadeiro tamanho desse anseio no povo quando
o tema for amplamente debatido e votado. Algo que espero que aconteça.
Por fim, quero deixar
abaixo uma conhecida música do cancioneiro gaúcho que define bem esse sentimento
que resiste ao tempo...
Serranos - Eu sou do Sul
0 comentários:
Postar um comentário