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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

O Sul é o meu país -Breve análise do separatismo sulista


A ideia de separar o Rio Grande do Sul ou mesmo toda a região Sul do resto do Brasil não é nova, e nos remete a tempos anteriores a revolução farroupilha. Mas foi quando esta guerra explodiu que a República Rio-Grandense foi proclamada em 11 de setembro de 1836 para, dez anos mais tarde, ser novamente anexada ao território do Império Brasileiro. 
No entanto, mesmo após a fumaça do maior conflito armado do período imperial ter baixado, o sentimento de independência gaúcho jamais foi apagado e permanece vivo até nossos dias. É bem comum achar cidadãos gaúchos que acreditam que devemos ser “Primeiro gaúchos, e só depois brasileiros”. Um orgulho histórico que simplesmente não existe em nenhuma outra unidade federal da nação. Quem vem ao Rio Grande do Sul, fica surpreso ao ver que qualquer criança gaúcha sabe cantar decor o Hino Rio-Grandense.

Realmente não dá para negar que existem diferenças culturais, sociológicas, étnicas e até econômicas visíveis que nos diferem dos demais estados brasileiros. Atribuo essas diferenças em grande parte à colonização alemã e italiana e a um sofrido passado de guerras. Uma herança nobre acredito.
Gostamos de trabalhar e fazer o melhor no trabalho, amamos essa terra e nossas tradições, valorizamos a independência e a beleza das nossas mulheres e a coragem e a virilidade dos homens, qualidades tão necessárias para a sobrevivência no antigo modo de vida campeiro, especialmente quando precisavam sair cedo para a lida de campo pisando a geada de pés descalços; Um modo de vida duro que ajudou a forjar a famosa imagem do gaúcho machão que hoje, infelizmente, é ridicularizada pela mídia do resto do país.

A verdade é que o próprio Brasil parece ter excluído o Rio Grande do Sul ao desmerecer sua cultura, sua tradição e seu povo e é por isso que eu acho legítima a iniciativa de grupos como o ‘Movimento O Sul é meu país’. O polêmico grupo separatista, sediado em Curitiba/PR, já tem mais de 20 anos de existência e tem como proposta a separação não apenas do Rio Grande do Sul, mas de toda a região Sul do Brasil, ou seja, Santa Catarina e Paraná também seriam emancipados. Apesar de ter crescido bastante desde sua criação o movimento ainda conta com baixa adesão da sociedade sulista e desta forma a proposta acaba não sendo levada tão a sério.
Mas, na minha opinião, a melhor característica desta organização não é o separatismo mas a defesa de um regime de Confederação para o país, dando assim maior autonomia política, jurídica e econômica para os estados e descentralizando um pouco do poder de Brasília que, convenhamos, oprime não apenas o Sul mas toda a nação com sua alta carga de impostos, burocracia e a corrupção generalizada.

Entretanto, tenho minhas ressalvas a esse movimento pois, apesar das ótimas propostas, a acusação de racismo e neonazismo feita pelo Instituto Stephen Roth da Universidade de Tel Aviv em Israel, mancha sua reputação. Segundo um relatório emitido por esse instituto, uma das condições para o estabelecimento do Estado Sulista seria a expulsão de minorias como judeus, nordestinos, índios e negros. Achei um absurdo tão grande que me parece algo inacreditável. Essa acusação já foi negada pelos adeptos do Movimento que afirmam inclusive ter processado neonazistas que os associavam a infame doutrina de Adolf Hitler. Ainda bem! Pois se isso fosse verdade o Grupo perderia toda sua legitimidade e credibilidade para com todos.
Associar separatismo a neonazismo não faz sentido, as diferenças e propósitos são muito claros. E quem faz essa associação sem sequer fazer uma breve pesquisa, ou é burro ou está usando de desonestidade intelectual propositalmente.

Fora essa ressalva, quero mesmo é que este e outros movimentos chamem a atenção da sociedade para conseguir ao menos um plebiscito como os que foram feitos na Catalunha e na Escócia no ano passado. Na Catalunha os separatistas venceram, na Escócia perderam. Aqui eles só saberão o verdadeiro tamanho desse anseio no povo quando o tema for amplamente debatido e votado. Algo que espero que aconteça.


Por fim, quero deixar abaixo uma conhecida música do cancioneiro gaúcho que define bem esse sentimento que resiste ao tempo...

Serranos - Eu sou do Sul

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