Vivemos
em uma época em que o ambiente acadêmico tem se tornado cada vez mais hostil
para aqueles que professam a fé cristã. A influência ateu-humanista,
especialmente nas universidades e nas escolas públicas, tem iludido milhares de
alunos todos os anos, fazendo-os pensar que nossas crenças são ingênuas e
incultas. Tragicamente muitos jovens cristãos, por não receberem um ensino
apologético adequado em suas comunidades, acabam se intimidando com essa
pressão e silenciam, ou pior... Terminam por apostatar da fé
para dar crédito a mentiras. Diante desta realidade, o estudo da apologética se
mostra extremamente importante, inclusive como arma evangelística, pois muitas
pessoas são simpáticas ao cristianismo, mas acham que fé e razão são
antagônicas.
O
livro “Defendendo sua fé – uma introdução à apologética” do professor R.C
Sproul é uma ferramenta preciosa para todos que desejarem adquirir bons
argumentos para defender sua fé e não ser humilhado, nem desacreditado por
pseudo-intelectuais. A linguagem usada no livro é bem clara, simples de
entender e ao mesmo tempo profunda, abordando dois temas essenciais: A existência de Deus e a autoridade da Bíblia.
O Dr.
Sproul apresenta os quatro princípios fundamentais da epistemologia, o estudo
de como se obtém o conhecimento, e faz uma explanação detalhada de cada um
deles, a saber: 1- A lei da não contradição; 2 – A lei da causalidade; 3 – A
confiabilidade básica (embora não perfeita) na percepção dos sentidos e 4 – O
uso analógico da linguagem. Essas
premissas são indispensáveis para o conhecimento científico sólido e, ao
contrário do que muitos pensam, são sustentadas pela Bíblia. O autor mostra,
logo de início, como os mais famosos pensadores ateus, em seus argumentos
contra o teísmo, acabam negando um ou mais desses princípios. Porém, um bom
apologista cristão jamais deve abrir mão desses quatro pontos ao realizar sua defesa da fé,
caso contrário certamente fracassará em um embate intelectual. Assim, durante
cinco capítulos são abordados temas importantes como relativismo existencial;
contradição x paradoxo; causalidade e positivismo lógico, citando o trabalho de
importantes filósofos como Immanuel Kant e Hume.
O
capitulo nove trata da relação entre a teologia natural e a ciência mostrando a
importância do trabalho de Tomás de Aquino sobre o tema. Para nível de
esclarecimento, a “teologia natural” discute como obter informações sobre Deus
por meio da natureza. Outro tópico importante neste capítulo fala da ascensão
do averroísmo, ou seja, a ideia de que uma premissa pode ser verdadeira em
filosofia e falsa em teologia ao mesmo tempo (ou vice-versa). Essa linha de
pensamento se espalhou rapidamente pelas universidades europeias do século XIII
e ainda persiste em nossos dias. Apesar de popular, o averroísmo quebra pelo
menos um dos princípios fundamentais mostrados anteriormente, a lei da não-contradição,
e, portanto, deve ser refutado.
Temos
também um estudo sobre a existência de Deus baseada nas quatro possibilidades
básicas para explicar a realidade que nos cerca. Se uma das possibilidades é
verdadeira as outras devem ser falsas. A primeira explicação possível sobre a
realidade diz que nossas experiências são uma ilusão; a segunda é que a
realidade foi auto-criada; a terceira é que é auto-existente (sempre existiu) e a
quarta sustenta que o universo é criado por “algo” auto-existente. Não preciso
dizer que a primeira possibilidade é desmanchada facilmente pelo filósofo René
Descartes, pai do racionalismo moderno. Na segunda, existe uma impossibilidade
lógica, logo o autor gasta pouco tempo com ela e dedica um tempo maior de estudo
às últimas duas opções. Mas, resumindo, mostra basicamente que “se algo existe,
então Deus existe”. O autor também desmistifica de forma espetacular o niilismo
de Nietzche e a psicologia ateísta de Sigmund Freud.
Na
parte VI e última parte do livro, Sproul defende a autoridade da Bíblia
como palavra de Deus, mostrando toda sua coerência e simetria. A Bíblia é basicamente
um documento histórico confiável e os achados arqueológicos
confirmam constantemente a confiabilidade histórica das escrituras. Ainda nesta
questão, o autor faz uma apologia à integridade do ensino de Jesus e do
testemunho do Espírito Santo.
Enfim,
apesar de ser apenas uma obra de introdução à apologética, esse livro cumpre a
proposta do autor e pode ajudar bastante aos cristãos que desejam defender sua
fé de maneira convincente e lógica contra um mundo cada vez mais arrogante e
tolo. Sabemos que novos sistemas de pensamento sempre irão surgir para nos
confrontar, mas não precisamos temer; pois, se a Palavra de Deus for verdadeira
– e é – Ela sempre irá prevalecer. Filosofias alternativas vem e vão, mas o
cristianismo ortodoxo sempre permanece.
No
mais, que possamos seguir o conselho do apóstolo Pedro:
"Antes,
santifiquem Cristo como Senhor no coração. Estejam sempre preparados para
responder, com mansidão e temor, a qualquer um que lhes pedir a razão da
esperança que há em vocês."
(1
Pedro 3:15)
2 comentários:
Agradeço por ter feito a resenha, não conheço muitos livros do tipo, ainda, mas vou começar a procurar :)
Resenha perfeita. Vou comprar semana que vem
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