A história do flautista
de Hamelin é popularmente bem conhecida e muito, muito antiga. Normalmente contada
como um simples conto de fadas, adaptação de uma obra dos irmãos Grimm, essa
história bizarra está cercada de tantos mistérios que já não se sabe mais o que
foi fato e o que é mito.
Conta-se que o estranho
episódio aconteceu na idade média em 26 de junho de 1284. A pequena cidade de
Hamelin estava sofrendo com uma terrível infestação de ratos. Os animais
invadiam celeiros e casas, destruíam mantimentos, e por mais que a população
da cidade os combatesse, os ratos estavam se alastrando.
Foi então
que apareceu na cidade um forasteiro de roupas coloridas se propondo a
acabar com a praga por certa quantia de dinheiro (alguns dizem que era uma
moeda de ouro por cada cabeça de rato), os governantes locais aceitaram a
proposta. O homem pegou então uma flauta e passou a tocar uma melodia hipnótica
que atraiu todos os ratos da cidade até o rio Weser onde se afogaram. Ao final
do dia o misterioso flautista volta para reclamar seu pagamento, mas, por
malandragem dos governantes ou por falta de dinheiro mesmo, acaba não
recebendo o valor combinado e vai embora irritado.
Semanas mais tarde o
flautista volta (em um domingo de manhã) e enquanto todos estão na igreja, toca
novamente sua música hipnótica traindo desta vez todas as
crianças do lugarejo. Cerca de 130 crianças o seguiram enfeitiçadas para fora
da cidade e entraram na floresta onde nunca mais foram vistas. Somente três
crianças permaneceram, uma cega, uma surda e uma aleijada pois suas
deficiências as impediram de segui-lo. Segundo a versão original do conto, o
flautista levou as crianças até o mesmo rio onde levou os ratos e também as
afogou.
Mas, o que há de verdade
e o que a de mito nesta antiga história?
Sabe-se pelo menos que a
cidade realmente existe e cresceu ao redor de um mosteiro fundado em 851 DC. É
uma bonita cidadezinha alemã muito procurada hoje por turistas, andarilhos e
ciclistas. Na idade média, Hamelin era fortificada por muralhas e torres. Em 1888
Napoleão Bonaparte destruiu a cidade, deixando de pé apenas duas torres (Haspelmathturm
e a Pulverturm) que permanecem até os dias de hoje.
Muitas pessoas acreditam
que a história foi inventada pelos irmãos Grimm, mas o fato já era conhecido
muito antes dos Grimm começarem a escrever e publicar seus famosos contos e
fábulas. Há várias referências na cidade fazendo alusão a tragédia medieval. O
museu local exibe com orgulho os sapatinhos de couro que teriam sido das
crianças desaparecidas; A Casa "The Pied Piper" tem uma inscrição no
alto do lado direito da casa que diz:
“AD
1284 – no dia 26 de junho – dia de São João e São Paulo 130 crianças – nascidas
em Hamelin foram levados para fora da cidade por um flautista vestindo roupas
multicores. Após passar pelo Calvário, perto da Koppenberg eles desapareceram
para sempre.”
A primeira menção da
história apareceu num vitral colocado na Igreja de Hamelin em 1300 e referências
a este vitral aparecem em obras dos séculos XIV e XVII. Infelizmente a igreja
foi destruída em um incêndio em 1660, mas graças as descrições dos
sobreviventes o historiador Hans Dobbertin reconstruiu a janela com um vitral
semelhante. A primeira janela é considerada por muitos como uma lembrança real
de um acontecimento trágico para a cidade. Um antigo registro histórico, de
1384, das crônicas da cidade diz:
“Faz 100 anos desde que
nossos filhos nos deixaram”.
Teorias...
Mais recentemente foi
levantada a teoria de que o estranho flautista seria um extraterrestre e isso
explicaria suas roupas coloridas, incomuns para a época e o lugar; também
explicaria o instrumento que ele usava e que pode ter sido confundido com um
flauta. Logo, a história do sequestro das crianças seria um antigo caso de
abdução que ganhou contornos de contos de fadas, pois sabe-se que os ratos só
foram adicionados ao relato em uma versão de 1559. Outros dizem que a figura do
flautista é apenas uma metáfora das inúmeras doenças (como a peste) que
assolavam as aldeias medievais. Há também quem afirme que o estranho poderia
ser um serial killer ou um pedófilo, o que dá mais margens para perguntas do
que respostas.
Outra teoria, mais
provável, é que os habitantes da cidade simplesmente venderam as crianças e
depois inventaram a história do flautista para cobrir essa verdade incômoda. Os
defensores desta teoria dizem que a prática não era tão incomum para a época, filhos
ilegítimos, órfãos e outras crianças consideradas indesejáveis poderiam ser
usadas para povoar novamente uma cidade que sofreu com a guerra, por exemplo.
Mas quem sequestrou as
crianças? Quem era esse flautista? A verdade é que essa história está de tal
modo afastada de nós pelo tempo que é provável que jamais saberemos.
Fontes e referências:
Blog Alemanhã por que não; Wikipédia; Mundo Gump e Contos dos irmãos Grimm
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