Neste post eu quero
falar sobre um assunto um pouco polêmico, muitas vezes evitado ou ignorado por
país e educadores, mas que atinge uma quantidade considerável de jovens e
adolescentes, na grande maioria meninas. Trata-se de um transtorno psicológico
chamado “cutting”; Ou seja, o ato de se auto-mutilar usando objetos cortantes
tais como giletes, cacos de vidro, tesouras e até folhas de papel.
Felizmente, na maioria
das vezes, esse distúrbio é passageiro e tende a desaparecer a medida que a
jovem cresce e vai adquirindo mais maturidade. Mas nem por isso deixa de ser
uma prática bastante perigosa, pois normalmente os pais ou responsáveis nem ao
menos sabem que os filhos sofrem disso, já que estes tem vergonha da situação e
acabam escondendo os cortes com calças e roupas de manga cumprida. Desta forma
muitos acabam não recebendo ajuda psicológica adequada. Alguns abandonam
qualquer atividade que seja necessária a exibição do corpo (ir a praia por
exemplo) para que suas cicatrizes permaneçam escondidas. Os locais mais afetados
são as pernas, a barriga, os braços e até mãos e pulsos. Estes últimos eu considero bem grave pois o risco de fazer um corte mais profundo e atingir uma
veia é grande. Essa auto-mutilação não está ligada a nenhuma tentativa de
interrupção da vida.
Mas o que leva esses
jovens a agir desta forma? Que impulso os leva a se machucarem espontaneamente?
Não se sabe ao certo, mas há algumas especulações.
Há quem ache que isso
não passe de puro exibicionismo ou ‘falta do que fazer’; Outros creêm que
aqueles que praticam cutting estão sob influência de demônios, como os profetas
de baal que se laceravam durante o transe religioso. Em casos bem raros,
acredito que as duas hipóteses possam acontecer, mas não é o mais comum.
O mais aceito é que
estas pessoas sofram de algum mal emocional muito grave, talvez algum vazio
existencial ou as conseqüências de uma depressão não tratada. O automutilador,
de maneira geral tem uma incapacidade de lidar com seus próprios sentimentos e
acaba procurando no cutting uma alívio para seu desespero. Quando estão em
crise não possuem amor próprio e nem auto-estima, definindo a sí mesmos como “lixo
humano”, e tendem a se afastar do convívio com a família e amigos. Alegam quase
sempre estar trocando uma dor emocional pela dor física pois dizem ser essa
menos ruim que a dor emocional, alguns se ferem como forma de punição por se
sentirem incapazes e fracassados. Após o ato as sensações variam de alívio,
culpa até a sensação de extremo fracasso. Essa prática pode acarretar outros
problemas como bulimia, anorexia, bipolaridade, entre outras.
Uma coisa é certa, tais
pessoas precisam de ajuda, carinho e amor e não de críticas e julgamentos.
Recentemente uma
pesquisa em Londres concluiu que um em cada 12 adolescentes (a maioria meninas)
provoca autolesões propositais. Sendo assim é extremamente importante que os
responsáveis identifiquem se dentro da própria casa não há casos de
automutilação. Para isso é preciso ficar atento e observar o comportamento do
jovem.
Desconfie que alguém apresenta o problema quando:
Desconfie que alguém apresenta o problema quando:
a) Costuma usar roupas
de mangas longas, mesmo no verão, com altas temperaturas;
b) Apresentam várias
cicatrizes ou lesões repetidas e tem dificuldade para explicá-las;
c) Isola-se evitando
situações onde seu corpo pode ser exposto, como praia ou piscina;
d) Apresenta sintomas
depressivos e de fobia social associados.
Se identificar o
problema procure ajudar! Muitas vezes uma boa conversa, uma atividade lúdica ou
esportiva acompanhadas por alguém responsável são de grande proveito; É aquela
velha história: “mente vazia é oficina do diabo”. Mas se preciso for não hesite
em procurar auxílio médico e psicológico. A luta contra uma recaída é diária
até que a pessoa seja totalmente liberta.
Sugestão de leitura:
To Write Love On Her
Arms (Para Escrever Amor Nos Braços Dela) : http://www.twloha.com/vision
O TWLOHA é um movimento
sem fins lucrativos dedicado a apresentar esperança e fornecer ajuda para
pessoas que lutam contra depressão, vícios, auto-mutilação e suicídio. Tudo
começou com a tentativa de suicídio de uma menina que, após fazer cortes em seu
pulso, escreveu "fuck up" (foda-se) nos braços com seu próprio
sangue. Cinco dias após esse incidente, houve a decisão de reverter esse quadro
e nasceu a campanha To Write Love On Her Arms, que é uma campanha a favor do amor
e da vida, apoiada por várias pessoas, incluindo muitos famosos.
Infelizmente o site é
todo em inglês, mas você poderá usar a função "traduzir página" do
Google ou utilizar algum tradutor on line, caso não tenha fluência no idioma.
THE BUTTERFLY PROJECT
SELF-HARM:
O projeto Borboleta
para auto-mutiladores foi criado por praticantes de cutting que sentiam
necessidade em parar, e consideravam-se prontos para enfrentar o desafio.
A ideia é relativamente
simples, e pode ser mais um aliado na luta contra a prática de auto-mutilação,
já que a ideia é fazer com que a pessoa treine / desenvolva seu auto-controle.
As regras são:
1) Quando você sente
que quer cortar ou se ferir, com uma caneta ou marcador, desenhe uma borboleta
em seu braço ou mão (ou em qualquer outra parte do corpo onde você quer
infligir dor / auto ferir);
2) Nomeie a borboleta
com o nome de um ente querido ou alguém que realmente quer que você obtenha
melhora;
3) Você deve deixar a
borboleta desaparecer naturalmente. Não esfregue a parte desenhada, ou aplique
produtos que possam remover o desenho;
4) Se você cortar a
parte do corpo onde há a borboleta, medite que você a matou.
Se você não cortar, ela
continua viva e livre! (lembre-se que esta borboleta representa alguém
importante para você);
5) Se você tiver mais
de uma borboleta, e se cortar (ou machucar de alguma forma) você matou a todas
elas;
6) Outra pessoa pode
desenhá-las em você. Estas borboletas são "extra especiais"
Cuide bem delas!
7) Se em algum momento
você perder o controle, e se cortar, não desista. Recomece todo o programa.
8) Mesmo se você não se
corte, sinta-se livre para desenhar uma borboleta para mostrar seu apoio a uma
pessoa que pratica o cutting. Se você fizer isso, e nomeá-la, estará
ajudando-a(o) a treinar o auto-controle.
Créditos e fontes de
pesquisa: Blog PassoIssoAdiante e Wikipédia
0 comentários:
Postar um comentário