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domingo, 29 de dezembro de 2013

Automutilação - cutting

Neste post eu quero falar sobre um assunto um pouco polêmico, muitas vezes evitado ou ignorado por país e educadores, mas que atinge uma quantidade considerável de jovens e adolescentes, na grande maioria meninas. Trata-se de um transtorno psicológico chamado “cutting”; Ou seja, o ato de se auto-mutilar usando objetos cortantes tais como giletes, cacos de vidro, tesouras e até folhas de papel.

Felizmente, na maioria das vezes, esse distúrbio é passageiro e tende a desaparecer a medida que a jovem cresce e vai adquirindo mais maturidade. Mas nem por isso deixa de ser uma prática bastante perigosa, pois normalmente os pais ou responsáveis nem ao menos sabem que os filhos sofrem disso, já que estes tem vergonha da situação e acabam escondendo os cortes com calças e roupas de manga cumprida. Desta forma muitos acabam não recebendo ajuda psicológica adequada. Alguns abandonam qualquer atividade que seja necessária a exibição do corpo (ir a praia por exemplo) para que suas cicatrizes permaneçam escondidas. Os locais mais afetados são as pernas, a barriga, os braços e até mãos e pulsos. Estes últimos eu considero bem grave pois o risco de fazer um corte mais profundo e atingir uma veia é grande. Essa auto-mutilação não está ligada a nenhuma tentativa de interrupção da vida.

Mas o que leva esses jovens a agir desta forma? Que impulso os leva a se machucarem espontaneamente? Não se sabe ao certo, mas há algumas especulações.
Há quem ache que isso não passe de puro exibicionismo ou ‘falta do que fazer’; Outros creêm que aqueles que praticam cutting estão sob influência de demônios, como os profetas de baal que se laceravam durante o transe religioso. Em casos bem raros, acredito que as duas hipóteses possam acontecer, mas não é o mais comum.

O mais aceito é que estas pessoas sofram de algum mal emocional muito grave, talvez algum vazio existencial ou as conseqüências de uma depressão não tratada. O automutilador, de maneira geral tem uma incapacidade de lidar com seus próprios sentimentos e acaba procurando no cutting uma alívio para seu desespero. Quando estão em crise não possuem amor próprio e nem auto-estima, definindo a sí mesmos como “lixo humano”, e tendem a se afastar do convívio com a família e amigos. Alegam quase sempre estar trocando uma dor emocional pela dor física pois dizem ser essa menos ruim que a dor emocional, alguns se ferem como forma de punição por se sentirem incapazes e fracassados. Após o ato as sensações variam de alívio, culpa até a sensação de extremo fracasso. Essa prática pode acarretar outros problemas como bulimia, anorexia, bipolaridade, entre outras.

Quase todos os indivíduos que sofrem desse mal odeiam sentir essa vontade incontrolável de se cortar e boa parte deles afirmam que escrever textos, poemas, músicas lhes parece de grande ajuda como forma de expressar suas emoções e assim o impulso de se automutilar diminui significativamente.


Uma coisa é certa, tais pessoas precisam de ajuda, carinho e amor e não de críticas e julgamentos.
Recentemente uma pesquisa em Londres concluiu que um em cada 12 adolescentes (a maioria meninas) provoca autolesões propositais. Sendo assim é extremamente importante que os responsáveis identifiquem se dentro da própria casa não há casos de automutilação. Para isso é preciso ficar atento e observar o comportamento do jovem. 
Desconfie que alguém apresenta o problema quando:

a) Costuma usar roupas de mangas longas, mesmo no verão, com altas temperaturas;
b) Apresentam várias cicatrizes ou lesões repetidas e tem dificuldade para explicá-las;
c) Isola-se evitando situações onde seu corpo pode ser exposto, como praia ou piscina;
d) Apresenta sintomas depressivos e de fobia social associados.

Se identificar o problema procure ajudar! Muitas vezes uma boa conversa, uma atividade lúdica ou esportiva acompanhadas por alguém responsável são de grande proveito; É aquela velha história: “mente vazia é oficina do diabo”. Mas se preciso for não hesite em procurar auxílio médico e psicológico. A luta contra uma recaída é diária até que a pessoa seja totalmente liberta. 

  
Sugestão de leitura:
To Write Love On Her Arms (Para Escrever Amor Nos Braços Dela) : http://www.twloha.com/vision
O TWLOHA é um movimento sem fins lucrativos dedicado a apresentar esperança e fornecer ajuda para pessoas que lutam contra depressão, vícios, auto-mutilação e suicídio. Tudo começou com a tentativa de suicídio de uma menina que, após fazer cortes em seu pulso, escreveu "fuck up" (foda-se) nos braços com seu próprio sangue. Cinco dias após esse incidente, houve a decisão de reverter esse quadro e nasceu a campanha To Write Love On Her Arms, que é uma campanha a favor do amor e da vida, apoiada por várias pessoas, incluindo muitos famosos. 
Infelizmente o site é todo em inglês, mas você poderá usar a função "traduzir página" do Google ou utilizar algum tradutor on line, caso não tenha fluência no idioma.

 THE BUTTERFLY PROJECT SELF-HARM:

O projeto Borboleta para auto-mutiladores foi criado por praticantes de cutting que sentiam necessidade em parar, e consideravam-se prontos para enfrentar o desafio.
A ideia é relativamente simples, e pode ser mais um aliado na luta contra a prática de auto-mutilação, já que a ideia é fazer com que a pessoa treine / desenvolva seu auto-controle.

As regras são:
1) Quando você sente que quer cortar ou se ferir, com uma caneta ou marcador, desenhe uma borboleta em seu braço ou mão (ou em qualquer outra parte do corpo onde você quer infligir dor / auto ferir);
2) Nomeie a borboleta com o nome de um ente querido ou alguém que realmente quer que você obtenha melhora;
3) Você deve deixar a borboleta desaparecer naturalmente. Não esfregue a parte desenhada, ou aplique produtos que possam remover o desenho;
4) Se você cortar a parte do corpo onde há a borboleta, medite que você a matou.
Se você não cortar, ela continua viva e livre! (lembre-se que esta borboleta representa alguém importante para você);
5) Se você tiver mais de uma borboleta, e se cortar (ou machucar de alguma forma) você matou a todas elas;
6) Outra pessoa pode desenhá-las em você. Estas borboletas são "extra especiais"
Cuide bem delas!
7) Se em algum momento você perder o controle, e se cortar, não desista. Recomece todo o programa.
8) Mesmo se você não se corte, sinta-se livre para desenhar uma borboleta para mostrar seu apoio a uma pessoa que pratica o cutting. Se você fizer isso, e nomeá-la, estará ajudando-a(o) a treinar o auto-controle.


Créditos e fontes de pesquisa: Blog PassoIssoAdiante e Wikipédia

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