Sinceridade não é desculpa para grosseria

A sinceridade é sem dúvida uma grande virtude humana. Todos nós sabemos o quanto pode ser desagradável, estressante e chato ter que lidar com pessoas falsas. Além disso, a sinceridade é um fator importantíssimo para qualquer tipo de relacionamento. Desde uma amizade até um casamento.

Acontece que algumas pessoas usam a desculpa de serem “sinceras” para adotar um comportamento grosseiro, e desta forma costumam ofender e magoar os outros dizendo coisas inconvenientes, mesmo quando ninguém pediu a opinião delas. E o pior é que tem gente – com o Q.I abaixo de 50 - que aplaude esse tipo de atitude como se isso fosse um grande exemplo de autenticidade a ser seguido, ao mesmo tempo em que desprezam pessoas educadas, pois acham que educação é sinônimo de falsidade. Mais uma vez a velha inversão de valores.

Queridos leitores, eu posso afirmar com toda a certeza que não existe honra nenhuma em agir desta maneira. Muito pelo contrário, torna o individuo um ser insuportável.
Concordo que talvez a linha que separe a sinceridade da falta de educação pode ser muito tênue. Mas para isso existe um dom tão importante quando a sinceridade: O TATO. Você sabe o que é tato? Não me refiro ao quinto sentido humano, mas a capacidade que alguns têm de saber dizer algo na hora certa, no momento certo e da maneira certa, sem ofender o seu próximo. Abraham Lincoln dizia mais, ele afirmava que o tato é a capacidade de descrever os outros tal como eles se julgam. Isso é admirável, mas infelizmente parece que não é para qualquer pessoa. Então se alguém não é capaz de discernir a diferença entre sinceridade e grosseria, educação e falsidade, simpatia e “dar em cima”; É melhor então respeitar o que as convenções sociais e as regras de etiqueta estabelecem, e não sair pagando uma de sincero inconveniente e mal educado. Principalmente quando não te pediram opinião! Isso de forma alguma pode ser considerado falsidade ou mentira, só mostra que você é mais evoluído que um macaco.

É difícil entender que, só porque a gente pode dizer o que pensa, não quer dizer que a gente DEVE dizer tudo o que pensa? Lembram daquele programa que passava na TV Globo, chamado ‘Super sincero’ estrelado pelo Fernando Guimarães? Era muito engraçado, porque mostrava situações inusitadas que nenhuma pessoa em sã consciência tentaria provocar. E se provocasse causaria altos constrangimentos.

Na boa, sinceramente não me interessa me aproximar de pessoas que dizem: “Eu falo o que penso”, “Sou sincero, digo tudo o que me vem na cabeça”, e usam essa linha de pensamento como desculpa para magoar os outros. Eu sei que alguns agem assim porque não tem o tato para perceber essa diferença; mas outros o fazem por pura crueldade mesmo. E somente raças conhecidas como barraqueiros e antipáticos poderiam se sentir bem em companhia de gente assim; Estes me parecem estar despreparados para viver em coletividade. O dramaturgo Tennessee Willians dizia que todas as pessoas cruéis costumam se descrever como modelos de sinceridade. Não seja assim!

A estes que gostam de humilhar e denegrir os outros em nome de uma falsa sinceridade, gostaria de lembrar aquele antigo ditado que diz: “Quem fala o que quer, ouve o que não quer”. Assim como estes grosseiros expõem e envergonham os outros, eles também estarão sujeitos ao mesmo tratamento.
Então como eu sempre digo a moderação em tudo e boa! Sejam sinceros sim, mas não mal educados.

Frase de reflexão:
A honestidade, sem as regras de decoro, transforma-se em grosseria (Confúncio)