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segunda-feira, 11 de abril de 2016

Momentos de solitude

Apesar de ser uma pessoa reservada, não sou nenhum antissocial. É muito legal estar com amigos, colegas, participar de eventos e conhecer gente nova. No entanto, existem momentos em que a nossa alma pede um pouco de sossego; não sei se acontece com todos, talvez não, mas acontece comigo. As vezes tenho vontade de chutar tudo para o alto por um tempo e ficar sozinho, no meio de uma charneca inglesa, no alto de uma montanha ou em alguma praia deserta, apenas higienizando minha mente da agitação urbana.

Isso não significa que eu goste de solidão. Na verdade, algumas pessoas confundem solidão com solitude, mas são duas coisas completamente diferentes, apesar de alguns dicionários classificarem como sinônimos. O sentimento de solidão é danoso e traz sofrimento, o indivíduo deseja muito uma companhia que não tem e se sente sozinho mesmo quando está cercado de amigos (sejam eles falsos ou não). É uma situação perigosa que pode facilmente levar alguém a depressão e até mesmo ao suicídio.

Bem diferente disso, a solitude é uma necessidade de isolamento voluntário e temporário para buscar momentos de paz e tranquilidade. Esse desejo de “estar só” ocorre especialmente quando paramos para pensar em como o ser humano pode ser cruel, como gostamos de confusão! No meio secular as pessoas brigam por dinheiro, política, times de futebol, ideologias e um monte de outras coisas. Na igreja as pessoas brigam por doutrinas, cargos e autoridade.  Tudo isso, como já dizia o sábio rei Salomão, é correr atrás do vento.

Essa agitação causada pela nossa insaciável busca pelo prazer sempre existiu e a coisa só piorou com o advento do pós-modernismo que tem deixado as pessoas cada vez mais egoístas e impacientes. Então, é de fato compreensivo o porquê de certos indivíduos preferirem largar tudo para ter uma vida simples, isolado em um mosteiro, apenas buscando um contato maior com Deus. Porém, se isolar permanentemente acaba se tornando uma atitude igualmente egoísta, pois é aqui fora, neste mundo caótico, que muitas pessoas estão sofrendo, estão perdidas e precisando de nossa ajuda.

Então, já que nem sempre temos dinheiro para viajar para longe e “sumir no mundo”, e ir para o isolamento de um mosteiro não é uma atitude muito viável, o que podemos fazer para não sermos corroídos pelo stress causado por uma sociedade cada vez mais decadente?

Como diz aquela antiga canção, é possível achar “paz em meio a tempestade”, tomando atitudes bem simples: Um passeio em algum parque arborizado; uma parada para contemplar o pôr-do-sol no final de uma tarde de verão; e mesmo em casa, podemos colocar o fone de ouvido e nos desligar por alguns instantes do mundo a nossa volta escutando músicas relaxantes, e claro, aquele momento de oração quando estamos a sós com o Criador do universo. Todas essas coisas são ferramentas valiosas na guerra contra o stress e a depressão, pois aprendemos a ser gratos pela vida, gratos por poder respirar e sentir o calor do sol no rosto, gratos pelo cheiro da chuva se misturando a terra e pelo alimento que esta produz. Deus ama nossa gratidão!

Muitos não sabem, mas experimentamos, inclusive, momentos únicos de felicidade quase inexplicável. Não é o prazer de estar sozinho em si, mas a reflexão que fazemos durante esse tempo, quase sempre nos torna um pouco mais sábios, compreensivos, esperançosos e seguros. Melhoramos até nossos relacionamentos! É como se estivéssemos construindo uma casa sobre a rocha sólida, não será qualquer vento que vai derrubar.

Aprenda a valorizar e buscar esses raros momentos de solitude, seja viajando, passeando ou em casa. Mesmo aqueles que não estão acostumados a isso, vale a pena experimentar. Pois o que não está valendo é ter nossa vida destruída pela influência deste mundo agitado e perverso. 


Ilustrações:
DVD "Walking in the air" da cantora irlandesa Chloe Agnew.


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